UNITA DIZ “NÃO” À NOVA COMPOSIÇÃO DA CNE QUE FAVORECE O MPLA

O Grupo Parlamentar da UNITA abandonou, nesta quinta-feira, 24.10, o acto de votação para a nova composição da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), na Sala Multiuso da Assembleia Nacional, onde decorria uma Reunião Conjunta, em que são comissões competentes em razão da matéria, a Comissão dos Assuntos Jurídicos e Constitucionais e a Comissão de Administração do Estado e Poder Local.

Por Domingos Miúdo

Assim, à opinião pública, partido do Galo Negro esclareceu que o abandono deveu a cinco razões visíveis que, nitidamente, violam com aquilo que são os ditames legais, nomeadamente:

a) O processo preparatório da reunião violou o artigo 171.º do Regimento da Assembleia Nacional, pois, para além do presidente da Comissão dos Assuntos Jurídicos e Constitucionais, nenhum outro membro da 1ª e 4ª Comissões participou da discussão preliminar, o que demonstra práticas unilateralistas;

b) O parecer submetido à votação anula o resultado obtido pela UNITA nas urnas, pois, apesar de ter conquistado 3 mandatos na CNE, com base nos resultados oficiais validados pelo Tribunal Constitucional e publicados pela CNE, substitui-se a soberania popular ao não atribuir nenhum mandato à UNITA, que tem até à data dos factos 4 mandatos na CNE, fruto das eleições de 2017;

c) Com base nos resultados eleitorais de 2022, a UNITA teve um crescimento de 39 Deputados, o que representa um aumento de mais assentos na CNE. Porém, primando pelo princípio da razoabilidade, propôs inicialmente 8 (oito) lugares para o MPLA, ao invés de 9 (nove); e 5 (cinco) lugares para a UNITA, ao invés de 7 (sete), em homenagem ao princípio do respeito pelas minorias, restando 3 (três) mandatos a serem distribuídos, à razão de 1 (um) para cada uma das demais forças políticas com assento parlamentar (PRS, FNLA e PHA), à luz do no 3 do artigo 1º da Lei 9/14;

d) Face à falta de clareza que a proposta do MPLA em parceria com o PRS, FNLA e PHA suscita, a UNITA solicitou durante o debate, com base no Regimento da Assembleia Nacional, esclarecimentos para serem aferidos os critérios utilizados na atribuição dos mandatos e sugeriu igualmente a suspensão da votação, a fim de se estabelecer o diálogo entre todas as forças políticas com assento parlamentar e dirimir os equívocos;

e) Perante a falta de esclarecimentos e com a mesa irredutível na intenção de sujeitar o assunto à votação de qualquer maneira, violando a lei e os mais elementares preceitos básicos da sã convivência em democracia que sugerem o diálogo em busca do consenso, os Deputados do Grupo Parlamentar da UNITA decidiram não fazer parte de uma votação nessas condições.

A referida sessão tinha como ponto único apreciar o Relatório Parecer Conjunto e o Projecto de Resolução que, nos termos da Lei sobre a Organização e Funcionamento da CNE e da Lei Orgânica sobre as Eleições Gerais, fixa a nova composição da CNE, fruto dos resultados das Eleições Gerais de 24 de Agosto de 2022.

O Grupo Parlamentar da UNITA reafirmou a sua determinação e empenho na defesa da legitimidade política das urnas e da legalidade para a consolidação do Estado Democrático de Direito.

Ao Folha 8, o deputado Anselmo Kondumula afirmou não ser normal a ignorância com que se abunda no MPLA por estar a descaracterizar o assunto de forma profunda, pois, não se compreende como um partido que, praticamente, duplica o número de deputados continua a gozar do mesmo número de comissários tal como nas legislaturas anteriores.

“MPLA só deve ter oito comissários e a UNITA sete. Ao olhar para aquilo que é a composição parlamentar, MPLA deve ter vergonha para estar a discutir esse assunto. Isso demonstra claramente que este regime está confuso, não sabe o quer, não tem discernimento, só quer se apoderar dos lugares como havia feito na própria composição da Assembleia. Penso que isso é brincar com a paciência e a bondade do povo”, disse.

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